Tribunal de Justiça de MT
Em vinte minutos, acordo firmado reforça o poder do diálogo na Semana da Conciliação
Tribunal de Justiça de MT
Em cerca de vinte minutos, um conflito foi resolvido. Assim começou a tarde do engenheiro agrônomo Lourival Fernandes, que participou de audiência no primeiro dia da XX Semana Nacional da Conciliação, iniciada em 3 de novembro e que prossegue até o próximo dia 7. A audiência foi realizada no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejusc) dos Juizados Especiais.
“Fizemos o acordo, e ambas as partes saíram satisfeitas com o que foi definido e assinado. Esses mutirões, realmente dão mais agilidade à resolução dos casos. O processo foi rápido, e a possibilidade de conciliação virtual facilita muito, especialmente para quem tem compromissos de trabalho ou dificuldades de deslocamento”, destacou Lorival.
Para o advogado Rafael Ribeiro, a Semana da Conciliação representa mais do que uma ação pontual, é o fortalecimento de uma cultura de paz. “Com certeza, o mutirão é de extrema importância. Fomentar a conciliação é fundamental, e isso é algo que nós, advogados, sempre procuramos incentivar junto aos nossos clientes. A iniciativa do Tribunal, ao promover esses mutirões, reforça a cultura do diálogo e do entendimento. Quando as partes conseguem resolver o litígio de forma consensual, alcançamos a pacificação social. Além disso, a conciliação traz celeridade ao processo. No meu caso, por exemplo, uma audiência marcada para o dia 11 foi antecipada para hoje, o que mostra a eficiência da iniciativa. Isso beneficia todos: as partes, os advogados e o próprio Poder Judiciário.”
Mesmo diante da ausência de uma das partes, a pedagoga Valéria dos Santos também pôde perceber o valor da conciliação ao participar de uma audiência referente a um acidente de trânsito.
Neste ano, o Cejusc dos Juizados Especiais adotou um novo formato, marcando a retomada das audiências presenciais após o período de virtualização decorrente da pandemia. Estão previstas 86 audiências presenciais nas comarcas de Cuiabá e Várzea Grande, além de uma pauta especial com 154 processos envolvendo a companhia aérea Gol Linhas Aéreas, em diferentes fases processuais.
De acordo com a gestora do Cejusc dos Juizados Especiais, Raniele Silva Farias, o verdadeiro propósito da conciliação vai além dos acordos formalizados.
“Mesmo quando não há acordo, o diálogo é o grande ganho. O espaço da conciliação é, antes de tudo, um espaço de escuta, empatia e construção conjunta de soluções”, ressaltou.
Conciliar é legal!
A XX Semana Nacional da Conciliação, que tem como lema “Conciliar é legal”, é uma iniciativa do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e envolve todos os tribunais do país com o objetivo de incentivar a solução consensual de conflitos.
Em Mato Grosso, a campanha é coordenada pelo Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec) do Poder Judiciário, que atualmente conta com 49 Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania (Cejuscs) em funcionamento no estado.
Autor: Patrícia Neves
Fotografo:
Departamento: Coordenadoria de Comunicação Social do TJMT
Email: [email protected]
Tribunal de Justiça de MT
Justiça Restaurativa é ferramenta transformadora para alunos e professores, aponta especialista
“Como estão nossas crianças?”. Com este questionamento, a instrutora do curso de Formação em Justiça Restaurativa, facilitadora em Círculos de Construção de Paz e estrategista em Inteligência Relacional, Katiane Boschetti da Silveira, iniciou sua palestra “Justiça Restaurativa na Educação: fundamentos e práticas transformadoras”, proferida no Seminário “Justiça Restaurativa na Educação e na Ambiência Institucional”, nesta sexta-feira (14) na sede do Tribunal de Justiça.
A resposta para a pergunta não foi positiva: conforme dados trazidos pela palestrante, de 2011 para cá, foram registrados 44 ataques em escolas brasileiras, sendo mais de 60% deles após a pandemia, ou seja, após um longo período de distanciamento social. “Nós não nascemos para viver isolados. Nós precisamos do outro para sobreviver, para se autorregular, inclusive”, disse Katiane.
Ela abordou ainda um estudo sobre o perfil dos adolescentes que se envolveram nesses ataques a escolas, que expõe como fator em comum a ausência de perspectiva de futuro. Por outro lado, Katiane Boschetti apresentou uma sugestão. “Perguntem para os nossos jovens quais são os sonhos deles porque, enquanto eles estiverem sonhando, mesmo que seja com algo distante, que pareça que não vai dar certo, enquanto eles estiverem sonhando, eles estão bem”.
Ampliando o panorama para todas as faixas etárias da população, a palestrante destacou que 75% das dores humanas são de natureza social. Katiane abordou ainda dados alarmantes sobre o aumento dos casos de suicídio entre crianças e adolescentes, além de dados relativos aos jovens em cumprimento de medida socioeducativa, cuja grande maioria sofre com a ausência física ou negligência dos pais.
Todas essas informações deixaram Maria Eduarda Pereira de Jesus, professora na Escola Estadual Antônio Ghros, em Água Boa, apavorada. “Me deu um certo medo. Eu fiquei muito preocupada, mas isso me motivou mais ainda para estar colocando em prática o círculo de construção de paz na minha unidade, para poder tentar fazer a diferença”, disse.
O círculo de construção de paz foi apresentado por Katiane como uma ferramenta de transformação social da realidade à qual muitos jovens estão expostos. Trata-se de uma prática coletiva, em que é trabalhada a escuta ativa e o poder de se expressar através da fala, de forma que todos os participantes podem ouvir e ser ouvidos, sobre temas diversos. Por meio de uma parceria entre o Poder Judiciário de Mato Grosso e a Secretaria de Estado de Educação (Seduc), centenas de professores da rede pública já foram capacitados para aplicar o método em suas unidades.
Conforme abordado na palestra, o círculo de paz representa uma forma de resgatar necessidades básicas de todo ser humano, desde crianças e adolescentes, como a busca por justiça, pertencimento, poder e alegria, enquanto valores que dão sentido à vida. “Nós precisamos oportunizar aos nossos jovens um poder saudável. Quando a gente se sente escutado, a gente sente que, de alguma forma, está sendo visto, está sendo cuidado, valorizado. E se eu estou com o poder da palavra, esse é o meu momento”, exemplificou Katiane Boschetti.
Olhar para a família
Ao abordar formas de prevenir o sofrimento emocional entre crianças e adolescentes e suas consequências (como relações interpessoais violentas, evasão escolar, envolvimento com a criminalidade), Katiane Boschetti apontou a necessidade de olhar para as famílias e para os demais ambientes institucionais, como o ambiente de trabalho, pois é onde os pais desses jovens estão inseridos, na maior parte do tempo.
“As escolas são vivas! Elas são reflexo da nossa sociedade. Não tem como a gente ter uma escola 100% saudável e segura se a nossa sociedade e as nossas famílias não estão vivendo dessa forma, fora da escola. Tratam-se das mesmas pessoas”, pontuou.
Olhar para os professores
Em sua palestra, Katiane Boschetti pontuou ainda que 91% dos professores relacionam a sua profissão à felicidade, ou seja, veem a profissão como um propósito de vida. Mas esse propósito, por vezes, se choca com a exaustão encarada na sobrecarga de trabalho. Diante disso, ela ressalta a importância da realização de círculos de construção de paz não somente com os alunos, mas entre os próprios profissionais da Educação.
“O círculo de construção de paz é um convite para que a gente encontre o nosso propósito. Quando eu escuto a história de alguém no círculo, por vezes, eu reencontro o meu propósito pela história do outro”, disse.
Angélica Bueno, mediadora escolar na Escola Estadual Salim Felício, em Cuiabá, concorda. “Se a gente não estiver bem, como vamos ajudar nossos alunos? Como vamos conviver não somente com os alunos, mas com os profissionais dentro da escola?”. Segundo ela, os profissionais da rede estadual já dispõem de cursos voltados para a saúde emocional, mas aponta o círculo de paz como um diferencial. “É uma troca mais humana, mais aquecida”.
Para a professora Maria Eduarda Pereira de Jesus, ter esse olhar voltado para o professor é muito importante porque se ele não estiver bem, não terá condições de exercer sua função. “Como vou cuidar dos meus, se eu não cuido de mim? Então, é uma construção que a gente tem que olhar tanto para os nossos educandos como para os nossos professores”.
A palestrante destacou que a escola, como política social que atinge a todas as pessoas, desde a infância, se mostra como o espaço de transformação social mais potente e promissor. “E a justiça restaurativa pode ser esse movimento de transformação social e o círculo de construção de paz pode ser a ferramenta. A gente precisa fazer ‘círculo’ porque precisa lembrar como é que a gente se relaciona”.
Katiane ressaltou ainda que, em 2023, o Ministério da Educação e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) firmaram acordo para implementar a Justiça Restaurativa no ambiente escolar brasileiro. “Isso é investir pra cuidar de vocês, profissionais da Educação. Se nós queremos comportamentos diferentes, nós podemos e precisamos ensinar que comportamento é esse porque, por vezes, ele não vem de casa”, salientou.
Autor: Celly Silva
Fotografo: Josi Dias
Departamento: Coordenadoria de Comunicação do TJMT
Email: [email protected]
-
ESPORTES5 dias atrásCorinthians perde para o Ceará na Neo Química Arena e cai na tabela do Brasileirão
-
Tribunal de Justiça de MT5 dias atrás“Hoje é nossa vez”: casamentos são encaminhados e crianças tiram primeiro RG em ação do Judiciário
-
SAÚDE6 dias atrásMinistério da Saúde envia Força Nacional do SUS ao Paraná após tornado que atingiu o Rio Bonito do Iguaçu
-
Mulher6 dias atrásNota de Solidariedade às vítimas do tornado em Rio Bonito do Iguaçu (PR)
-
AGRONEGÓCIO3 dias atrásVÁRZEA GRANDE: MBRF celebra trajetória de colaboradores em 1ª Edição do “Nossa Gente, Nossa História”
-
CUIABÁ3 dias atrásCurso especializado fortalece técnicas da equipe de proteção do Executivo Municipal
-
ESPORTES4 dias atrásProteção ao apostador é aprimorada com Portaria que traz novas regras de autoexclusão centralizada e autolimites
-
CUIABÁ5 dias atrásPrefeitura e Polícia Militar reforçam segurança e ordenamento urbano na segunda edição da Operação Guardiões do Coxipó
